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FOTOGRAFAR

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Entrei em uma loja de departamentos. Eu tinha 16 anos de idade. Buscando com o olhar alguém que me atendesse, vi uma senhora. Bela e muito elegante. Senti um encantamento por sua beleza e aura. Nossos olhos se cruzaram. Ela sorriu e eu também. Nos aproximamos e iniciamos a conversar sobre perfumes. Ao término da conversa, ela me disse:

- Minha idade: 87 anos. Tenho fotografias de muitas coisas que amei nesta vida. Faça fotos todos os dias se puder. O encantamento revelado no teu olhar nunca mais o sentirás, a não ser que fotografes o que fez ele acender. Conte tua história em imagens.  

Desde então, iniciei a fotografar. Sem nenhuma ambição maior que não a de somente realizar o que aquela desconhecida sugeriu.

O meu ato de fotografar é encaminhado por esta emoção. O encantamento. Pela vida, beleza, energia. Pelo movimento que traduz o estar vivo, em pleno estado de mutação. Fotografo quando sinto meu olhar ser inundado por uma emoção que, muitas vezes, faz meu coração disparar.  

               - Porque fotografou estas pedras?

- Pedras? São mais do que pedras. São lindas! E Lembrei de um trecho de um livro que li quando criança.   

“Um monte de pedras deixa de ser um monte de pedras no momento em que um único homem o contempla, nascendo dentro dele a imagem de uma catedral. (Antoine de Saint-Exupéry)

 

Minhas imagens são obras resultantes das escolhas que faço, sementes imortais da liberdade que me habita e me diferencia, geridas por um fascínio que costuma sequestrar minha visão.

A senhora bela e elegante?

Nunca mais a vi. Lembro dela sempre que, repousando meu olhar nas imagens registradas pelas minhas lentes, volto no tempo em estado de pura emoção.

Pelo vivido.     

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